


No Indielisboa, documentários, sobretudo, é o que tenho visto, na exiguidade do tempo e na impossibilidade de abarcar o universo esmagador do seu catálogo; pelo menos as sessões não estão completamente esgotadas, como nos anos passados, mas também os espectadores estão desarmados e sem conseguir esgotar o programa à la carte.
A sensação de imponderabilidade de tudo isto, a de um programa que ultrapassa a nossa capacidade de abrangência, a da proliferação de vozes que invalidam a ilusão da escolha, os banhos de água fria que a diversidade de filmes e linguagens oferece, a sucessão das imagens, a sequência alucinada de curta em curta, a ausência de pausas, as impressões confundidas, a técnica de filmagem e montagem cada vez mais sincopada, ou concentrada, ou negligenciada – tudo isto já não é cinema. É fusão, cadência de impressões, doses fortes de imagens. Onde não sobra tempo para digerir nem reflectir, nem ler, nem escrever. É a cultura visual do teledisco em formato de ecrã de cinema. Não há nada entre um filme e outro, nem ideias, nem vida, só uma espécie de consumo aleatório, cansativo; já nem há partilha nem diálogo sobre os filmes, não há quem lhes chegue.
Como eu gostava que, em vez de um Indie por ano, houvesse indies todo o ano, todas as semanas, mas parece que nem isso é compatível com a lógica dos eventos que governa a rentabilidade dos festivais. Embuchar, desembolsar, rebentar e voltar à normalidade, até para o ano, fingindo que não há filmes todos os dias e em toda a parte a serem feitos e a precisarem de ser vistos por espectadores frescos e capazes de deglutir e reflectir.
A sensação de imponderabilidade de tudo isto, a de um programa que ultrapassa a nossa capacidade de abrangência, a da proliferação de vozes que invalidam a ilusão da escolha, os banhos de água fria que a diversidade de filmes e linguagens oferece, a sucessão das imagens, a sequência alucinada de curta em curta, a ausência de pausas, as impressões confundidas, a técnica de filmagem e montagem cada vez mais sincopada, ou concentrada, ou negligenciada – tudo isto já não é cinema. É fusão, cadência de impressões, doses fortes de imagens. Onde não sobra tempo para digerir nem reflectir, nem ler, nem escrever. É a cultura visual do teledisco em formato de ecrã de cinema. Não há nada entre um filme e outro, nem ideias, nem vida, só uma espécie de consumo aleatório, cansativo; já nem há partilha nem diálogo sobre os filmes, não há quem lhes chegue.
Como eu gostava que, em vez de um Indie por ano, houvesse indies todo o ano, todas as semanas, mas parece que nem isso é compatível com a lógica dos eventos que governa a rentabilidade dos festivais. Embuchar, desembolsar, rebentar e voltar à normalidade, até para o ano, fingindo que não há filmes todos os dias e em toda a parte a serem feitos e a precisarem de ser vistos por espectadores frescos e capazes de deglutir e reflectir.