13 abril 2007

Fernando Peçonha



Ah ah ah aha ha. No Público de hoje, a Laurinda Alves, em dia de azar, publica um texto supostamente de Fernando Pessoa, apócrifo evidentemente. Está à vista de qualquer um que conheça a obra de Pessoa que aquele poema piroso nunca podia ser dele, e ainda por cima com pronome reflexo colocado à moda brasileira: "Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história". Um idiota qualquer o escreveu, assinou com o nome célebre, pôs na internet e a lepra disseminou-se até chegar às páginas do Público!! Dá imensa vontade de rir. Pobre Pessoa, quantos poemas não terá falsificados pela net? (Basta uma breve pesquisa para avaliar a praga.)

16 comentários:

Unknown disse...

eheheh! Fernando Peçonha! bem enganada a laurinda!

merdinhas disse...

Podes pluralizar esse Pessoa...


pobres pessoas...quantos poemas etc etc etc não foram já falsificados por "aqui"?

quando li o post pensei no dia 1 de Abril e que a própria L. A estvesse a tentar enganar alguém...mas dia 1 já lá vai.

Tive uma prof. de liceu que trabalhava com o espólio do Pessoa por uma razão qualquer de que não me lembro. Há ainda muito por descobrir...podia até ter um heterónimo piroso . ..

De mulher tem um, de mulher ou homem piroso acho, de facto, mais duvidoso.

Vim aqui parar via Alice.

JPN disse...

tu és o máximo! lol Bj :)

Cristina Gomes da Silva disse...

Contrabando puro...

Anónimo disse...

Não me parece, de facto, Pessoa...

Contudo, o abrasileiramento da coisa deve ser relativamente irrelevante para aferir o carácter genuíno do texto, já que ele pode estar na versão brasileira...

Claro que a Laurindinha é que, no mínimo, já para não falar em ponderar se este texto seria mesmo de Pessoa, poderia ter "aportuguesado" aquilo que deve ter descoberto na internet...

Um comentário lateral a isto é que o Pessoa é muito apreciado no BRasil e na net há muito mais coisas em brasileiro do que em português.

Tiago Mendes

Leonor Areal disse...

Tiago,
é possível provar objectivamente que o texto não é de FP, não apenas pelo seu conteúdo literário (o que, no entanto, é óbvio), mas também porque existe uma base de dados da obra completa de Pessoa - onde este poema não se encontra.
(http://multipessoa.planetaclix.pt/)

Anónimo disse...

Literariamente, e' facil sustentar que isto nao e' de Pessoa. Desde logo, porque e' raro ele fazer enumeracoes triplas e tao certinhas.

Contudo, e como argumento geral, nao e' "definitivo" sugerir que uma coisa nao foi escrita por individuo X apenas porque a coleccao de coisas publicamente reconhecidas como tendo sido escritas pela pessoa X o nao contem. Se assim fosse, deixava de haver "ineditos". E' um argumento pouco valido.

O mais importante e' mesmo o ridiculo do texto de LA e a sua forma pseudo literaria.

Por outro lado, embora ache que aquilo nao e' Pessoa, tambem por regra geral, e dada a multiplicidade do homem, sera' dificil ter 100% de certeza que o que quer que seja nao teria vindo da sua mao. Mais ainda tendo em conta que ele de vez em quando se dava ao luxo de "escrever automaticamente", isto e', de entrar em estados mediunicos e deixar que a pena corresse ao sabor do espirito que o visitasse.

TM

Leonor Areal disse...

Devo dizer que todos os inéditos de Pessoa se encontram arquivados, inventariados e microfilmados na Biblioteca Nacional. A possibilidade de aparecer um inédito perdido num espólio desconhecido existe, mas só poderia ser-lhe atribuída a autoria depois de uma "peritagem" literária (que não diz apenas respeito à forma) e grafológica. O que não é notoriamente a sua especialidade, e por isso acusa de pseudo-literário quem tenha um mínimo de convicção naquilo que afirma. Importa ainda dizer que há variados apócrifos de Pessoa, inventados com a intenção de imitar ainda melhor e de serem mais verdadeiros que o modelo, esses sim capazes de enganar até os especialistas (hei-de me lembrar de encontrar algum para pôr aqui no blogue).

Tiago Mendes disse...

Nao chamei "pseudo-literario" a nada nem ninguem.

Nao pretendi relativizar tudo, mas apenas apontar uma coisa que nao e', inegavelmente, impossivel.

(Um acontecimento impossivel e' diferente de um acontecimento possivel, mas de probabilidade zero, ja' agora - mas deixo isto de lado).

O meu apontamento era meramente formal. A Leonor achou por bem puxar dos seus admiraveis galoes. A desproposito, mas tudo bem. e' so' uma caixinha de um blogue.

So' faco um outro comentario:

"Devo dizer que todos os inéditos de Pessoa se encontram arquivados, inventariados e microfilmados na Biblioteca Nacional."

Fala de ineditos ou de textos actualmente conhecidos, incluindo os que foram em tempos considerados como "ineditos"? Que conceito de "inedito" tem, afinal, a Leonor?

Quando os pilares de uma casa oscilam com facilidade, de pouco vale a ornamentacao que neles colocamos.

Anónimo disse...

Leonor, sorry meter o bedelho, mas parece-me que "LA" é Laurinda Alves e não Leonor Areal!!!!!

AMP

Tiago Mendes disse...

Ah! De facto escrevi "pseudo literaria". Peco desculpa pela incorreccao formal. CLARO que isto era dirigido a Laurinda Alves e o seu texto horrivel. De resto, nao sei como o post poderia ser qualificavel como "literario" ou "pseudo literario". E' um texto normal, bem escrito, sem pretensao de maior. Ja' a pretensao do textozinho da LAlves e' obvio.

Sem, repito, pretender "relativizar" o que quer que seja ou desprestigiar os estudiosos, deixo aqui uma reflexao que julgo interessante e importante:

"Eu elitista me confesso creio que Pessoa nunca será do domínio público. E acrescento: felizmente."

A ler a partir daqui:

http://aforismos-e-afins.blogspot.com/2005/12/leitura-obrigatria.html

Anónimo disse...

Correccoes:

...e "ao" seu texto

..."obvia"

...uma reflexao que julgo interessante, "pertinente" e importante (ca' esta' uma enumeracao tripla que dificilmente Pessoa escolheria fazer).

TM

Anónimo disse...

Quem e' que esta' disposto a por a cabeca no cepo em como o senhor X nao tem, em sua posse, um inedito de Pessoa que levara' a leilao, na Sotheby's, a 13 de Junho de 2008?

TM

Leonor Areal disse...

Bem, de facto equivoquei-me com as iniciais e tomei pessoalmente o epíteto, mas ainda bem bem que alguém nos esclareceu.
Quanto ao meu conceito de inédito, penso que é o mesmo de qualquer dicionário (que não consultei): aquilo que não está ainda editado. E de facto o espólio de Pessoa (que contém cerca de 27000 papeis) está microfilmado, mas ainda vão sendo publicados, paulatinamente, alguns inéditos que os investigadores mais atreitos "editam".

Ana Matos Pires disse...

(fui eu, Leonor. Ossos do ofício e treino... sou preferencialmente "ouvinte"! eheheh)
Beijos

Ana Matos Pires

Pois então cá vai uma definição:
inédito

do Lat. ineditu

adj.,
não publicado;
não impresso;
fig.,
nunca visto, que acontece ou é feito pela primeira vez;
s. m.,
obra não publicada.

Nuno da Costa disse...

de facto não foi o Pessoa que o escreveu.

Quem escreveu a primeira parte (até às pedras e aos castelos) foi o Sr. Augusto Cury, grande pensador e poeta.

Claro que abrasileiraram as coisas de tal modo que ultrapassa a barreira da (minha) aceitação.