31 março 2006

Paranóia

A paranóia da vigilância já está instalada. Hoje fui a uma escola, em Lisboa, para filmar um plano geral do pátio. Dirigi-me ao conselho-directivo para pedir autorização. Expliquei para que era, identifiquei-me. Resposta negativa: só com autorização da DREL (direcção-regional-de-educação-de-lisboa). Expliquei melhor: é só um plano geral, com céu nublado, com crianças no pátio. Já filmei em muitas escolas, nunca puseram obstáculos. Que importância pode ter? Hoje, toda a gente filma com os telemóveis... Respondeu o professor: não pode ser, já temos tido muitos problemas com os pais, porque não querem que os filhos sejam filmados nem fotografados (nem sequer pelo fotógrafo que faz as fotos escolares de grupo). Mas porquê? Receiam que as fotos apareçam na internet. Ah! Percebi: então é mesmo por causa de haver tantos telemóveis e câmaras por aí espalhados que ninguém se sente seguro. Os pais temem o roubo de imagens, a pornografia, a pedofilia, sei lá... Eles é que saberão. E de nada adianta identificar-me, sou tão suspeita como todos os anónimos ladrões de imagens... Quanto mais fácil parece o uso da tecnologia, menos confiança há naqueles que a usam. É lógico. Maus augúrios para quem quer fazer documentários.

1 comentário:

Anónimo disse...

o uso da tecnologia trouxe-nos a ideia de que existe uma falsa liberdade na forma como a podemos usar. ela só serve para quem não segue as regras do respeito e da urbanidade. compreendo o ponto de vista, mas se no meio disto tudo houver culpa, ela está na desadequação destes novos modos de fazer face à nossa noção de privacidade e segurança.
ana