12 janeiro 2007

Abismo azul



Achei óptima a exposição do Amadeo, muito lúcida e elucidativa na disposição dos núcleos de obras e na sua relação visual com obras de outros contemporâneos. Muito completa, muito inteligível. Esperei só meia hora porque fui cedo (mas às 11h já a fila ia no piso de baixo). Todo aquele movimento de gente, excursões de adolescentes e de ingleses, tanta gente, fez-me lembrar a deliciosa sequência inicial - o buliço da inauguração - do filme de Paulo Rocha, Máscara de Aço contra Abismo Azul, sobre a anterior exposição de Amadeo (circa 1988), com os fragmentos de conversas desconcertadas que se ouvem por entre as pinturas fugidias e os casacões soturnos: "Não há pachorra [para estar na bicha]... Puseram a moldura saliente... Vejam as cores quentes e as cores frias... A minha mãe ficou no impressionismo... Isto que aqui vêem é o abstraccionismo... As cores vivas não têm que ser agressivas..."

Não resisti a sacar, mais uma vez do Ultraperiférico, a imagem acima, uma das fotografias experimentais de Amadeo (que não estão na exposição), embora discorde da atitude fundamental de que "há críticas que podem e devem fazer-se ". Talvez não.

1 comentário:

R.O. disse...

Talvez não? Talvez sim!