15 setembro 2005
Amadeo
Máscara de Aço contra Abismo Azul, um filme de Paulo Rocha sobre Amadeo de Sousa Cardoso, por altura da exposição na Gulbenkian e de uma encomenda da RTP. Um filme poliestilístico - cruzando teatro, registo in vivo da inauguração, trabalho de câmara sobre as obras pictóricas, narração epistolar e contextual a várias vozes, encenações sonoras (tipo dada) de quadros, referências trocadas a Pessoa, Sá-Carneiro, Almada, Eduardo Viana, António Carneiro, a família, o tio, a primeira grande guerra, etc. Tudo muito intenso e impressivo - numa plasmose modernista provocada que representa essa época de "anarquia artística" - a ponto de ser difícil de absorver, quando surgem em simultâneo vozes, música, sonoplastia e imagens em movimento. É excelente a cena inicial da inauguração, com os cenários, aumentados a partir dos quadros de Amadeo, entrando as portas transparentes e passando entre os convidados, no meio de comentários de gente banal. Mas nem Paulo Rocha escapa ao cliché de representar o artista em frente à tela dando umas pinceladas mal feitas num quadro que nitidamente estraga. (Acho sempre difícil aderir a estas cenas mal fingidas, como às dos músicos que fingem tocar piano sem tocar nada.) O filme é uma recriação da obra do pintor vista por Rocha, posto diante da questão: "se ele não gostava de retratos, como é que eu ia retratá-lo?"
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