16 janeiro 2007

Os atávicos



Não há nada como os blogues para mostrar o que vai na alma das pessoas. Por exemplo, a demonstração pura do medo masculino da incerteza da paternidade, que o leva a querer dominar - desde sempre - o corpo das mulheres, e particularmente o da sua.

A angústia do corno no momento do referendo é esse caso: «No caso do sim ganhar, uma mulher casada pode fazer um aborto sem o conhecimento ou sem o consentimento do marido?» «A dúvida não era como poderia o pai evitar o aborto, mas sim se a mãe seria responsabilizada perante a lei pelo seu acto sem o acordo do marido, por exemplo pelas obrigações decorrentes do contrato matrimonial.»

Para estas almas, o casamento é um vínculo que obriga a mulher a depender das autorizações do marido (como antigamente para ir ao estrangeiro, talvez para evitar uma ida a Badajoz...).

Para reorientar o debate, proponho que voltemos a discutir o problema da alma. As mulheres têm alma? Os embriões têm alma? Quem tem mais alma?

(Imagem sacada do google.)

3 comentários:

Sérgio A. Correia disse...

Os pretos têm alma? E os ciganos? E os "índios"? E os chineses? E os gays? E as lésbicas? :)

Anónimo disse...

Olá Leonor:
concordo 100%, é bom ver quem não fica em silêncio por estes dias de hipocrisia.
Que podemos nós fazer para dar visibilidade a estes valores outros que não os falsamente impostos pela igreja, pátria, família?
Sugiro uma manifestação de mulheres com mães e filhos incluídos, que achas?
Um beijo
Sandra Oliveira

Rui Zink disse...

Manif com mães e filhos não concordo, por uma razão pelo menos: nós não instrumentalizamos crianças. Infelizmente a noção de superioridade moral tem pouca utilidade porque, paradoxalmente, o pudor não se pode rebaixar a ser comparado com o despudor.