12 abril 2006
Episódio (1)
Outro episódio sinistro passou-se no domingo no Museu do Chiado. Apeteceu-me espreitar para o pátio exterior, afastando levemente, e por um segundo, a cortina que tapa a janela esguia. Um guarda vem ter comigo: "Não pode tocar aí." - "Deve estar a brincar", disse eu, mais uma vez apanhada desprevenida. Ele insiste, pergunto porquê, mas logo irritada : "não me chateie". (Tratam-se os visitantes de um museu como se fossem crianças malcomportadas?) Afasto-me para o varandim do átrio, ele segue-me: "para aí não há nada, está fechado", ignoro-o, circundo o balcão, fico a olhar para o Grupo do Leão em baixo. O homem insiste e eu returco: "Não se pode estar aqui? está a vigiar-me porquê? tem medo que eu estrague alguma coisa? aqui não há nada". Afasto-me para um canto, fora da vista dele. Ele espreita à esquina. "Vá-se embora, parece um PIDE". E com esta livrei-me dele. Que mundo é este?
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2 comentários:
Impressionante esta história no Museu do Chiado... Quando fui là (um domingo de manhã) estava completamente deserto, tanto ao nível do público que ao nível dos vigilantes... e das obras. Não havia quase nada para ver... fiquei bastante desiludido.
Leonor: Este é um mundo em que à ausência de formação se opõe a deformação e, perdoe-me as rimas, a desinformação.
Acho interessante que relacione no mesmo post dois episódios aparentemente diferenciados. No fundo é exactamente do mesmo mundo de anacronismos que se trata.
E por falar em anacronismos e no Museu do Chiado, que estranho museu... onde devido à exiguidade do espaço a colecção permanente raramente se expõe (é o único museu em Lisboa onde se poderia ver o romantismo português).
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