11 outubro 2005

A dança dos festivais


Enganam-se os que, por consolação, me incitam a enviar o meu filme recusado "lá para fora". É que não adianta muito mandar os filmes para festivais estrangeiros (às centenas na Europa e no mundo inteiro) a não ser que antes se tenha sido escolhido no próprio país. Porque quase todos os festivais sobrevivem à sua tarefa selectiva escolhendo, segundo a lei do menor esforço e do sucesso mais fácil, “filmes importantes e multipremiados internacionalmente”.

Com este método, estreitam-se sempre as possibilidades de difusão, uma vez que são escolhidos os já escolhidos. O estrangulamento dá-se no ponto de partida, a menos que, em cada estado/nação/região, os festivais regionais se sintam responsáveis por defender e promover a produção local. Não é o que se verifica frequentemente. Por exemplo, o Cinanima deste ano apenas seleccionou para competição 2-filmes-2 portugueses, indignando os profissionais. “Já é tão difícil conseguir fazer filmes, e ainda por cima não conseguimos mostrá-los”, desabafava uma amiga.

Resultado: gastam-se contos e contos em cassetes e dvds enviados pelo mundo fora, para serem vistos em toda a parte os mesmos filmes, os maiores. Se isto não é globalização, o que é? Provincianismo certamente é.

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