Todos os filmes têm algo de universal: aquilo que é humano, aquilo que vem pela linguagem das imagens, e aquilo que é a força do seu referente real. Mas há aspectos do real dos filmes que vistos a distância são pouco mais que exóticos, e outros que fazem sentido apenas para quem conhece bem o contexto.
O meu documentário Doutor Estranho Amor faz sentido aqui e agora como um filme sobre educação sexual – mas duvido que seja significativo noutras partes da Europa, a não ser como um sinal do nosso subdesenvolvimento cultural.
Não sei se noutros países europeus lhes interessa discutir estratégias de prevenção da SIDA, visto que desde há 15 anos têm tido bons resultados na diminuição da taxa de infecção, ao contrário de Portugal onde esta tem subido alarmantemente (ver abaixo), presumo que por falta de informação, medidas de prevenção desadequadas, iliteracia, etc.
A Irlanda, onde o aborto é também proibido, ou outros países mais a sul ou mais a leste, teriam algum benefício a tirar deste filme? Não sei se aí as pessoas falam de sexo com os mesmos eufemismos que cá se usam. Nem sei se nesses sítios haverá meios para exibição de documentários feitos em países ricos onde há escolas modernas bem equipadas e políticas adaptadas a realidades bem diferentes.
Há filmes que são feitos para interpelar a realidade onde nascem. Tão só. Essa realidade é aquela em que um primeiro-ministro socialista extinguiu, em Junho passado, a Comissão Nacional de Luta Contra a SIDA.
Se não acreditam, vão ver:
http://jn.sapo.pt/2005/06/24/sociedade/extinta_comissao_luta_contra_a_sida.html http://bichos-carpinteiros.blogspot.com/2005/06/extinguir-coisas-fundamentais.html
http://gatportugal.blogspot.com/2005/06/extinta-comisso-de-luta-contra-sida.html
* Júlio Dantas dixit
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