Nos anos 90 deu-se um renascimento do documentário em Portugal, estimulado pelo crescimento do sector audiovisual e das televisões que tornaram mais acessíveis as câmaras de vídeo. Lá para 99, começaram a aparecer as câmaras digitais que permitiram o grande boom de documentários dos últimos anos, traduzido não apenas em número de filmes produzidos, mas num crescente interesse por este género, que a afluência de público aos festivais demonstra, e no surgimento de pequenos cursos de realização dos ditos.
Para dar uma ideia relativa dessa evolução, baseio-me nos catálogos dos antigos Encontros Internacionais de Cinema Documental Amascultura (vulgo Malaposta), organizados desde 1990 por Manuel Costa e Silva, que acolhia quase sem reservas qualquer filme nacional, já que eram tão poucos. Eis o levantamento do número de documentários portugueses, ou sobre Portugal, vistos na Malaposta durante 12 anos:
1990: 4 filmes + 4 filmes de António Campos (retrospectiva)
1991: 5 filmes
1992: 1 filme + 8 da RTP (homenagem)
1993: 3 filmes + 2 vídeos + 6 documentários de Fernando Lopes (homenagem)
1994: 1 filme + 7 vídeos + 5 filmes (comemoração de 20 anos do 25 de Abril) + 5 documentários de Manoel de Oliveira (retrospectiva)
1995: 2 filmes + 16 vídeos + 8 vídeos de Carlos Brandão Lucas (homenagem) + 2 (dos dez melhores documentários da história do cinema)
1996: 4 filmes + 20 vídeos + 5 filmes de Diana Andringa (homenagem) + 9 documentários importantes de 100 anos de cinema português
1997: 2 filmes + 24 vídeos + 5 filmes de Margot Dias (homenagem)
1998: (não encontro o catálogo...)
1999: 25 filmes (todos em vídeo) + 8 filmes de Manuel Costa e Silva (homenagem in memoriam) + 5 de António Campos (homenagem)
2000: (não encontro o catálogo...)
2001: 35 filmes (em vídeo) + 2 + 13 + 21 (retrospectivas)
A distinção entre “filmes” (em película) e “vídeos” segue a nomenclatura do catálogo, que a partir de 1999 deixou de diferenciar os filmes segundo o suporte, uma vez que o velho filme cedeu a vez ao novo vídeo. Hoje, usa-se a designação “filme” indiferentemente para qualquer obra cinematográfica.
Em 2002 surgiu o festival DocLisboa que veio substituir o da Malaposta e mudou de morada: CCB e depois Culturgest. Nesta transmutação, o festival internacional de Lisboa decidiu fazer um upgrade e subir de divisão através da criação de um número clausus na admissão de filmes portugueses – um número fixo: 12 – independentemente do número de filmes de interesse ou qualidade a concurso. Este critério selectivo – que se manteve até hoje - obviamente não corresponde à vitalidade que o grande incremento de documentários e documentaristas demonstra.
Em 2003, o festival internacional foi cancelado, acho que por cortes de verbas do Sr. Santana Lopes, e a organização decidiu encher a programação com todos os filmes portugueses concorrentes, mas sem competição. Não houve promoção, o festival esteve às moscas, e a programação ad-hoc mostrou total incoerência. Passaram de 8 para 80. Espero que não seja este o plano de acção para o futuro Panorama do documentário português.
1 comentário:
Boa Tarde,
O meu nome é Joao Sarmento.
Encontrei o seu blog quando procurava informacao sobre o Festival de documentarios da Malaposta.
Concorri no ano de 1997 (ou 98) com o documetnario em video Oasis Agora. Infelismente nao encontro referencias nenhumas em lado nenhum.... pelo que lhe pergunto se sera possivel, no caso de ter o ctalogo aonde o meu filme se encontra, enviar-me duas ou mais omagens com a capa do catalogo e a pagina aonde o Oasis Agora se encontra...
Caso seja possivel, por favor envie -me as imagens para jpsarmento at hotmail .com
muito obrigado
Joao Sarmento
Enviar um comentário