04 outubro 2005

Programadores e programados


O papel dos programadores culturais é dar voz e lugar às expressões individuais e aos movimentos colectivos. Eles têm um papel de mediadores entre os criadores e o público. Não são autores nem juízes. Não devem invocar a sua subjectividade – não lhes cabe orientar o gosto - mas sim fazer um trabalho objectivo de investigação e organização. Um “director artístico” é alguém com um conhecimento vasto das artes e capaz de entender e interpretar a diversidade das expressões artísticas nos contextos sociais em que surgem.

Um programador que selecciona filmes a concurso tem que ser capaz de explicar por que escolheu e por que não escolheu. Tem que saber fazer uma avaliação dos trabalhos vistos, ainda que sejam centenas. Quais mais forem, maior a sua responsabilidade, mais exigente o seu trabalho deve ser. Tem de tomar notas, fazer sínteses, comparar parâmetros, discuti-los e, por fim, justificá-los. Os programadores não devem escolher segundo gostos ou preferências pessoais, mas também não se podem eximir a dizer o que pensam dos trabalhos alheios - ainda que seja algo muito desagradável de ouvir - quando os autores querem saber. Um programador que não sabe dizer o que pensa, é porque não sabe ou não pensa. E se não pensa não pode decidir sobre as obras dos outros.

(imagem roubada em http://www.zedosbois.org/indexzdb.htm)

1 comentário:

Arauxo disse...

Acho que se pode referir um comentário de JAS:
"um museu nacional se torna um museu de autor, público mas privatizado, do seu director e dos seus gostos"
Mais esta:
"política de autor que abusa do quadro das instituições públicas"
E esta é minha:
"o modo de funcionamento dosfestivais pagos por dinheiros públicos, e radica na indefinição de critérios de serviço público que delimitem com eficácia a actuação dos dirigentes.